segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Direita News - Para Empresas, Crise da Dívida Inibe Investimentos



A Câmara de Comércio Internacional (CCI), representante de milhares de empresas de todas as regiões, deflagrou ontem o sinal de alarme e conclamou o G-20 a fazer um plano conjunto, urgente e "crível" para resolver a crise da dívida da zona do euro e estabilizar a economia internacional.
Representantes de empresas como Nestlé, Shell, Nokia, McGraw-Hill, Skandinaviska Enskilda Banken (SEB), Infosys (Índia), GDF Suez, Zurich Insurance Group, Telefónica, reunidos em Paris no "G-20 Advisory Group", reclamaram da falta de liderança governamental e insistiram que as empresas não têm condições de investir e criar empregos devido às incertezas e à volatilidade.
Em entrevista ao Valor, Jean-Guy Carrier, secretário-geral dessa espécie de organização mundial das empresas, disse que a impressão entre os empresários internacionais é de que "ninguém controla a situação, isso excita os mercados e torna os investidores muito mais prudentes e as empresas não podem criar empregos".
Ele acrescentou que "os governos na Europa e nos EUA não têm dinheiro, mas as empresas têm e poderiam investir. Só que as condições não estão dadas. Se você está preocupado com que o mundo possa entrar em colapso amanhã, você não vai investir seu dinheiro. Se não há uma solução com responsabilidade para estabilizar a situação global, permanece essa enorme incerteza".
A CCI tem mantido contato com os governos desenvolvidos e emergentes do G-20 para que anunciem um Plano de Ação em Cannes, no começo de novembro, que sinalize medidas coletivas pra energizar a economia mundial e resolver a crise que é cada vez mais financeira.
"O que esperamos é que cada país faça sua parte e haja medidas complementares", disse Carrier. Com os países desenvolvidos em crise de endividamento, as empresas estão conscientes de que vão acabar pagando mais impostos. Mas o executivo afirma que isso praticamente já está contabilizado nas estratégias das companhias.
"O que está afetando as empresas cada vez mais é essa volatilidade", afirmou Kasemsit Pathomsak, presidente da Merchant Partners Securities, da Tailândia. "Um dia é muito capital que entra no país, no dia seguinte muito que sai e o valor da empresa acaba caindo 30% sem mais nem menos."
Doug McKay, vice-presidente da Royal Dutch Shell, pediu para os governos conterem o excesso de medidas regulatórias, ainda mais no cenário atual, para que as empresas possam ter um cenário mais claro sobre os próximos dez anos para poder investir.
Além da falta de liderança e total bloqueio atual dos governos desenvolvidos para resolver a crise da dívida, os empresários sinalizam preocupação cada vez maior com medidas protecionistas nos últimos meses.
Carrier diz que, com a crise da dívida soberana, o financiamento ao comércio internacional praticamente "secou" em regiões como a África. Em outras áreas, esse financiamento ficou mais caro.
A entidade vem tentando também junto a governos que deem um novo sopro na Rodada Doha, que está congelada. Uma das ideias é que os países passem a negociar acordos plurilaterais, nos quais participa em entendimentos específicos quem quiser.
No entanto, dentro do G-20 os negociadores não estão querendo sequer mencionar o termo "Doha". E mesmo "protecionismo" é tema de controvérsias.

Fonte: Valor Econômico
Publicado em 04/10/2011

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